CARTA À POPULAÇÃO: A VIDA É A MÃE DE TODOS OS DIREITOS

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Nesta semana do DIA MUNDIAL DA SAÚDE, as plenárias de entidades e movimentos de saúde, os movimentos populares e as organizações sindicais fazem um apelo a toda a população: movam-se pela defesa da vida!

Esta é nossa mensagem às trabalhadoras e aos trabalhadores que habitam a cidade de São Paulo e que estão nos trens e nos metrôs, amontoados, enquanto só no cemitério de Vila Formosa, em 24 horas, novas 100 covas são abertas.

O cientista brasileiro Miguel Nicolelis compara a situação da covid-19 no Brasil a uma guerra.  “Uma  guerra  em  que  o  inimigo  ocupou  o  território  e  quem  deveria  criar  nossa estratégia  de  defesa  renunciou  ao  papel  de  defender  a  sociedade  da  maior  tragédia humanitária da nossa história, depois do genocídio indígena e da escravidão”.

Se  não  temos  vacinação  com  maior  velocidade;  se  faltam  vagas  nos  hospitais  e medicamentos e materiais para o tratamento da covid; se não temos auxílio emergencial que nos permita ficar em isolamento social; se cresce no Brasil a fome e o desemprego, é porque o compromisso de quem ocupa a presidência da República não é com a vida, é com a morte.

Bolsonaro  subestimou   a  pandemia,  sabotou   todas  as   medidas  de   combate  ao coronavírus o auxílio emergencial; atrasou a vacinação e colocou as vacinas sob suspeita; investiu em remédios que não funcionam; negligenciou o uso de máscaras e o distanciamento social; tentou confundir a população com deboche e com a falsa escolha entre salvar vidas e salvar a economia. No pior momento da pandemia, Bolsonaro manda ao Congresso Nacional um  orçamento  que  reduz  os  recursos  do  Sistema  Único  de  Saúde  (SUS),  sem programar qualquer recurso orçamentário para o enfrentamento da covid-19 ao longo de 2021.

Com  a  prática  de  negar  a  realidade,  a  ciência  e  a  história,  Bolsonaro  mobilizou negacionistas que invadem hospitais, agridem profissionais de saúde, perseguem e tentam impedir a liberdade de expressão, ameaçam a pesquisa e as universidades, as instituições do judiciário e do legislativo, disseminam mentiras, fake news, e atentam contra administrações públicas que têm a coragem de fechar tudo, de fazer lockdown, como medida necessária para salvar vidas, como no caso do prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT).

No nosso Estado e cidade de São Paulo, Doria e Covas dizem defender a vida e dialogar com a ciência, mas não hesitaram em abrir as escolas num momento de crescimento da contaminação;   em   precarizar   o   trabalho   de   profissionais   da   saúde,   terceirizando equipamentos,  ignorando  os  conselhos  de  saúde,  desmontando  os  serviços  de  vigilância sanitária fundamentais para o enfrentamento da pandemia, fechando prontos-socorros nas periferias e municípios pobres, diminuindo o investimento no SUS. De forma descoordenada e pautados pelos interesses econômicos de grandes empresas e eleitorais deles próprios, tomam medidas apenas superficiais para o controle da pandemia. Desavergonhadamente, se apropriam do bônus político quando o setor público, apesar de décadas de sucateamento, produz vacinas, como é o caso do Instituto Butantan.

Durante estes 13 meses de pandemia, denunciamos o aumento da desigualdade e a violência  contra  as  mulheres,  a  população  de  rua  e  LGBTQIA+,  e  os  pretos,  pobres  e periféricos  que,  além  de  tudo,  têm 39%  mais  chances  de  morrer  por  covid-19 do  que  a população branca. Os sindicatos foram porta-vozes das trabalhadoras e dos trabalhadores da saúde, já esgotados na sua condição física e mental, e denunciaram o alto número de mortes entre  esses  trabalhadores,  a  falta  de  equipamentos  de  proteção  individual  e  demais condições de trabalho, e a ausência de testagem em massa. Movimentos sociais cobraram a suspensão  de  ações  de  despejo,  ajuda  aos  ambulantes  e  pequenos  comerciantes,  renda básica  para  os  que  precisam.  Com  esforço  popular  e  coletivo,  promovemos  ações  de solidariedade para amenizar os efeitos da miséria, distribuindo marmitas e cestas básicas pelas periferias da cidade, no momento que o Brasil voltou a aparecer no Mapa Mundial da Fome.

Exigimos a revogação da Emenda Constitucional 95/2016, que tirou dinheiro da saúde; cobramos a utilização dos recursos públicos no enfrentamento da covid-19 e a taxação de fortunas para salvar vidas. Defendemos um Plano Nacional de Imunização, com coordenação única,  à  altura  do  reconhecimento  mundial  que  o SUS  conquistou  com  a  sua  política  de vacinação, e repudiamos a compra de vacinas pela indústria privada, porque saúde não é mercadoria.

Diante de todo o descaso que provoca verdadeiro genocídio, levantamos as bandeiras por  #ForaBolsonaro,  em  defesa  da  democracia;  por  um  salário-mínimo  como  auxílio emergencial até o fim da pandemia; pela aceleração da vacinação; por medidas eficazes de contenção da contaminação, desde o uso correto de máscaras e o distanciamento social até o fechamento total; por #VacinaJá, para toda a população, pública, gratuita e pelo SUS.

Chamamos você para dizer não à política da morte! Venha somar com a gente num movimento pela vida!

São Paulo, abril de 2021

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Sobre antimanicomialsp

A Frente Estadual Antimanicomial de São Paulo surgiu do processo de organização da IV Conferencia de Saúde Mental - Intersetorial etapa São Paulo. Onde diversas organização, movimentos, entidades e militantes se uniram e realizaram a Plenária Estadual de Saúde Mental (diante da não convocação por parte do Governo do Estado de São Paulo). A idéia da Frente surgiu dessa experiência de organização da IV Conferência e também diante da conjuntura de rearticulação do setor manicomial e de ataque as conquistas do Sistema Único de Saúde, que exige atividades unificadas entre os mais diversos movimentos e organizações antimanicomiais. Visando aglutinar forças para defender a Reforma Psiquiátrica Antimanicomial e o SUS.

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